Sustentabilidade pode ser Rentabilidade

Uma abordagem convicta à sustentabilidade no âmbito de qualquer atividade ou negócio pressupõe uma perspetiva de longo prazo, com um foco predominante no futuro e não em resultados imediatos. Hoje, identificam-se bastantes evidências, pelo menos ao nível dos mercados bolsistas, de que os ganhos económico-financeiros tendem mesmo a aparecer no longo prazo associados às melhores práticas ESG (ambientais, sociais e governance) quando comparamos com o business as usual.

A boa notícia é que alguns dos ganhos de rentabilidade podem mesmo aparecer de forma imediata ou muito rapidamente, pois têm que ver com aspetos objetivos da atividade que, por sua vez, podem trazer efeitos secundários favoráveis.

Existem múltiplos exemplos que provam que o casamento entre a sustetabilidade e a rentabilidade vai muito mais além de um simples ganho de causa para os diferentes stakeholders. Quando alguém implementa processos ecoeficientes e modelos circulares, não está apenas a poupar recursos naturais e energéticos, mas está também a inovar e a criar condições para conquistar novos mercados. O mesmo acontece quando alguém assume compromissos sociais relativamente ao bem-estar, ao reconhecimento ou à não discriminação. Não está apenas a promover a atração e a retenção do melhor talento, mas está também a contribuir para fortalecer as relações com as partes interessadas internas e externas.

De igual modo, quando se asseguram parcerias justas e uma gestão responsável da cadeia de abastecimento, não estamos apenas zelar por aspetos fundamentais do ambiente e dos direitos humanos, mas estamos também a gerir melhor o risco e a melhorar a resiliência da atividade.

O quadro regulatório nomeadamente ao nível da União Europeia, está desenhado para canalizar os recursos de financiamento em condições mais favoráveis para os projetos e investimentos mais sustentáveis, com maiores impactos positivos e menores impactos negativos a nível social e ambiental.

Assim, cabe a cada Organização e a cada indivíduo fazer o melhor que souber e puder pelo desenvolvimento sustentável do planeta e da sociedade. O momento é 'agora', e, se formos genuínos e bem-sucedidos na criação de valor partilhado, a rentabilidade económico-financeira surgirá naturalmente.

Este artigo foi elaborado pelo autor para o Dossier Sustentabilidade da revista Forbes Portugal que foi publicado em dezembro de 2023.