Riscos Psicossociais

O papel das empresas

Desorganização do trabalho, carga horária excessiva, liderança disfuncional, condições físicas e de segurança desajustadas, não reconhecimento laboral e falhas na comunicação são alguns dos riscos psicossociais patentes nas empresas que despoletam e promovem o stress laboral, a doença física e mental dos colaboradores. Dada a sua preponderância na qualidade de vida de todos os agentes laborais dentro e fora da empresa, os riscos psicossociais devem ser alvo de constante acessória e investimento preventivo nas empresas, transversalmente ao sector de atuação das mesmas. Desta forma, a empresa estará a prevenir gastos acrescidos associados a fenómenos de rotatividade laboral, absentismo, presentismo e inexistência de um paradigma de teambuilding.

Em cenário pós-pandemia, assistimos a uma consciencialização premente de que os problemas de saúde mental são resultado de uma equação que incluí os fatores laborais- tais como a atitude dos empregadores, o contexto das relações laborais e o reconhecimento da sua contribuição para a equipa e empresa- como pontos-chave significativos na identificação e causalidade do problema. Expostas as fragilidades e riscos associados à necessidade de flexibilização dos contextos e contactos físicos laborais, com horários alargados e contínua disponibilidade online, nunca foi tão evidente e urgente a parceria entre as empresas/organizações e o serviço de apoio à saúde mental.

ISO 45003 - Diretrizes para uma norma de referência internacional

Recentemente no seguimento da Norma Internacional ISO 45001 (SGSST), foi desenvolvida a Norma ISO 45003 para enquadrar diretrizes específicas associadas à saúde e segurança psicossocial nas empresas; tem como objetivo principal definir concretamente os riscos psicossociais da empresa e desenvolver uma estratégia de gestão que os tenha em consideração como fatores preponderantes na saúde, segurança e bem-estar laboral.

Com a introdução do termo “risco psicossocial” no contexto de Higiene e Segurança no Trabalho, a Norma ISSO 45003 enquadra os riscos psicossociais em 3 categorias: estrutura e organização do trabalho (controlo e autonomia, funções laborais e gestão de expectativas, segurança e bem-estar,…); equipamentos e atividades perigosas (condições de trabalho), e; fatores social (liderança, comunicação, reconhecimento e sistema de recompensas, relações interpessoais,..). Paralelamente ao propósito de enquadrar e exemplificar estratégias de identificação e quantificação dos níveis de risco associados ao contexto laboral, disponibiliza ao empresário estratégias “tipo” de revisão e adequação das condições de trabalho que proporcionam, nomeadamente: Redução na rotação de recursos humanos (turnover) e custos associados à formação e integração de novos colaboradores; Redução no absentismo como consequência de quadros de stress, ansiedade e depressão e custos associados à perda de produtividade da empresa; Aumento na produtividade e maior facilidade na contratação pela política de proteção e bem-estar laboral e consequente posicionamento atrativo no mercado enquanto empregador; Melhora nas relações interpessoais, teambuilding e proatividade por parte dos colaboradores com redução significativa de situações de conflito e litigio.

    Como implementar as diretrizes:

1. Planificar- identificação dos fatores de risco psicossociais: fatores internos e externos associados ao bem-estar dos colaboradores; necessidades e expectativas de todos os elementos da equipa; perigos psicossociais associados a riscos eminentes.
   
   
2. Estruturar- definir os objetivos do plano de gestão dos riscos psicossociais: hierarquizar prioridade de intervenção; por em prática o plano de gestão de risco e avaliar quanto à sua eficácia e eficiência junto dos colaboradores (foi percecionada uma redução efetiva do risco? Houve lugar a melhoria na condições de bem-estar e segurança?).
   
   
3. Acompanhamento e Adequação- definir indicadores de acompanhamento do plano: designação de “supervisores” para a avaliação e acompanhamento do plano de gestão de riscos psicossociais e consequente adequação das estratégias de intervenção; estratégias que devem permitir aos colaboradores identificados como mais vulneráveis aos riscos psicossociais a possibilidade de poderem recorrer a serviços especializados de saúde mental.