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Pegada Digital

O impacto ambiental invisível da vida online

18/10/2024
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A nossa vida é cada vez mais digital. Desde redes sociais e streaming até e-mails e compras online, passamos grande parte do dia conectados à internet.

Embora pareçam inofensivas, estas atividades têm um impacte ambiental considerável. A pegada ecológica do consumo digital é frequentemente subestimada, mas cada clique, stream e mensagem contribuem para as emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

Com mais de 53% da população mundial online, as atividades digitais são atualmente responsáveis por cerca de 3,7% das emissões globais de GEE, uma percentagem preocupante que se aproxima das emissões da indústria da aviação. 
    

Os principais impactos do Consumo Digital

1) A Infraestrutura digital
Grande parte da energia consumida pelo mundo digital não é apenas para alimentar os dispositivos dos utilizadores finais, mas também para manter em funcionamento os grandes data centers espalhados pelo mundo. Estes centros armazenam e processam os dados necessários para que a internet funcione, o que requer uma infraestrutura complexa que consome uma grande quantidade de eletricidade. Se a maior parte desta eletricidade ainda provém de fontes de energia não-renováveis, como carvão e gás natural, as emissões de GEE são agravadas.  

2) O impacto do streaming
O streaming de vídeo é uma das atividades digitais mais populares e, simultaneamente, uma das que mais consome energia. Ver um filme ou série em alta definição requer uma grande quantidade de dados, que, por sua vez, aumenta o consumo de energia dos servidores que suportam este serviço. Atualmente, o streaming de vídeo representa cerca de 80% de todo o tráfego da internet. Estima-se que, globalmente, esta atividade seja responsável por gerar 300 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, o que equivale a cerca de 1% das emissões globais.

Por exemplo, a Netflix consome cerca de 451.000 megawatts-hora de eletricidade por ano. Para mitigar este impacto, a empresa tem recorrido a certificados de energia renovável, uma tentativa de compensar o uso de eletricidade gerada por fontes fósseis. No entanto, o aumento do número de utilizadores e a procura por conteúdos em alta definição continuam a pressionar a infraestrutura digital global, intensificando o impacto ambiental.

3) A pegada dos dispositivos eletrónico
Não podemos esquecer que cada dispositivo que usamos — desde smartphones a computadores — também tem uma pegada ecológica significativa. A produção desses dispositivos implica a extração de minerais raros, processos de fabrico que consomem muita energia e, quando os dispositivos são descartados, o seu impacto continua com a poluição provocada no processo de reciclagem ou no envio para aterros. A falta de reciclagem eficaz de dispositivos eletrónicos contribui ainda mais para a acumulação de resíduos e a libertação de substâncias tóxicas no meio ambiente.  

4) O ciclo de vida dos dados
Outro aspeto importante a considerar é o ciclo de vida dos dados. À medida que a quantidade de dados gerados aumenta, também aumenta a necessidade de mais espaços de armazenamento. Estes centros, embora vitais para o funcionamento da internet, consomem quantidades imensas de energia para manter os dados em segurança e acessíveis.

Estudos apontam que a necessidade de armazenamento de dados crescerá de forma acelerada nas próximas décadas, impulsionada pela ascensão de tecnologias como a inteligência artificial e a internet of things. Com isso, os impactos ambientais desta infraestrutura continuarão a aumentar, a menos que sejam tomadas medidas significativas para melhorar a eficiência energética.



Como reduzir a Pegada Digital? Apresentamos 6 dicas

A redução da pegada digital é um passo importante na luta contra as alterações climáticas e na promoção de um estilo de vida mais sustentável. Aqui ficam algumas estratégias que podem ser integradas no dia a dia:
Limitar o uso de dispositivos e apostar na eficiência energética
Desligar ou colocar em modo de suspensão equipamentos que não estão em uso ajuda a poupar energia e a reduzir a pegada digital. Além disso, optar por produtos com melhor eficiência energética pode ter um impacto significativo na redução do consumo.
Evitar e-mails desnecessários
A pegada de um e-mail varia entre 0,3 g de CO2e para um e-mail de spam e 50 g de CO2e para um com anexos pesados. Ser seletivo com os e-mails que enviamos pode fazer uma grande diferença.  
Trocar anexos por links
Em vez de enviar arquivos pesados como anexos, pode partilhar links para documentos armazenados na nuvem. Isso não só reduz o tamanho do e-mail, mas também diminui a quantidade de dados que precisa ser transferida e armazenada, contribuindo assim para uma menor pegada digital.  
Cancelar subscrições de mailing desnecessárias
Muitos de nós recebemos newsletters que nunca lemos. Rever as subscrições de newsletters e spam reduz a quantidade de e-mails que recebe e, por conseguinte, o armazenamento de dados que esses e-mails exigem.   
Desligar backups automáticos e desativar atualizações automáticas de apps
Embora os backups automáticos e as atualizações sejam importantes para a segurança, podem também aumentar a utilização de dados e o consumo energético. Ao desligar essas funcionalidades e optar por fazer backups manualmente e atualizações quando necessário, pode controlar melhor o seu consumo de energia.  
Optar por motores de busca e armazenamento ecológicos
Algumas plataformas de pesquisa e serviços de armazenamento utilizam energias renováveis para operar. Optar por essas opções não só ajuda a reduzir a sua pegada digital, mas também apoia empresas que priorizam a sustentabilidade. 

Conclusão

Embora a pegada digital seja invisível, o seu impacto ambiental é significativo. O uso diário de dispositivos, o streaming de vídeos e a gestão de dados consomem grandes quantidades de energia, contribuindo para as emissões de gases com efeito de estufa. Pequenas mudanças nos nossos hábitos digitais, como reduzir o uso de dispositivos e cancelar subscrições desnecessárias, podem ajudar a mitigar esse impacto. Adotar uma abordagem mais consciente e sustentável é essencial para reduzir a pegada digital e contribuir para um futuro mais ecológico.

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