O planeta enfrenta um dos maiores desafios da atualidade: as alterações climáticas. As suas consequências, já evidentes, têm vindo a causar preocupação a nível global. Devido à sua localização geográfica e características climáticas, Portugal é um dos países europeus mais vulneráveis a estas alterações, enfrentando riscos significativos, como secas, inundações e aumento do nível do mar.
O efeito de estufa é um processo natural que regula a temperatura da Terra, sendo, portanto, essencial para a manutenção da vida no nosso planeta. Este processo funciona da seguinte forma: parte da radiação solar recebida pela Terra é refletida de volta para a atmosfera, onde é absorvida pelos gases com efeito de estufa (GEE). Gases como o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso desempenham um papel crucial na estabilização da temperatura da Terra.
No entanto, as atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, a desflorestação e a pecuária intensiva, têm alterado este equilíbrio natural. A libertação excessiva de GEE está a intensificar o efeito de estufa, provocando um aumento descontrolado das temperaturas globais. Atualmente, o aquecimento do planeta, induzido pelo ser humano, cresce à taxa de 0,2ºC por década.
O consenso científico é claro: um aumento de 2ºC em relação às temperaturas da era pré-industrial levará a mudanças drásticas nos padrões meteorológicos, afetando a precipitação e aumentando a frequência e intensidade de fenómenos extremos, como secas, ondas de calor, inundações e furacões. O impacto global no meio ambiente e na saúde humana poderá ser devastador, o que levou a comunidade internacional a reconhecer a necessidade urgente de limitar o aquecimento global a menos de 2ºC e, preferencialmente, a 1.5ºC, através do Acordo de Paris.
Para enfrentar o problema das alterações climáticas, existem duas linhas de ação: a mitigação e a adaptação.
A mitigação climática consiste em ações destinadas a evitar ou reduzir a emissão de GEE. Essa atenuação é alcançada através da redução das fontes de emissão e do aumento do armazenamento de carbono. Exemplos de medidas de mitigação incluem a transição para energias renováveis, substituindo os combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas, como a solar, eólica e hídrica; também abrange a melhoria da eficiência energética em edifícios, transportes e processos industriais, reduzindo o consumo de energia, bem como a promoção de práticas agrícolas mais sustentáveis que, além de diminuírem as emissões de GEE, aumentam a absorção de carbono no solo.
Por outro lado, a adaptação climática refere-se ao processo antecipar os efeitos adversos das mudanças climáticas e tomar as medidas adequadas para prevenir ou minimizar os danos que elas podem causar. Este conceito envolve reduzir a vulnerabilidade aos efeitos negativos, melhorando a resiliência dos ecossistemas e das comunidades. Exemplos de adaptação incluem a construção de infraestruturas resilientes, capazes de suportar fenómenos climáticos extremos, e a gestão eficaz de recursos hídricos para garantir o abastecimento em períodos de seca e evitar inundações. Adicionalmente, a adaptação envolve a proteção da biodiversidade, criando áreas protegidas e corredores ecológicos que permitam a conservação de espécies ameaçadas e habitats naturais.
Mitigação e adaptação não são opções mutuamente exclusivas; pelo contrário, são interdependentes e complementares. A mitigação aborda as causas das alterações climáticas, a raiz do problema, enquanto a adaptação trata dos seus efeitos. Quanto mais eficazes forem os esforços de mitigação, menos drásticas e abruptas serão as adaptações necessárias. Assim, a combinação dessas duas abordagens é fundamental para enfrentar os desafios climáticos.
É importante reconhecer que a exposição aos impactos das alterações climáticas não é igual para todos os países, existindo regiões mais vulneráveis do que outras. Além disso, a capacidade de adaptação está profundamente ligada ao nível de desenvolvimento socioeconómico, e essa capacidade encontra-se de forma desigual tanto entre diferentes países como dentro das próprias sociedades. Esta disparidade sublinha a urgência de uma cooperação internacional.
Na prática, o fracasso em mitigar as mudanças climáticas só tornará mais importante a adaptação. Mitigar as alterações climáticas significa reduzir a quantidade de gases com efeito de estufa que ficam retidos na atmosfera. Para alcançar este objetivo, é necessário reavaliar muitos aspetos do nosso quotidiano: desde a forma como geramos energia e produzimos alimentos, até aos nossos padrões de mobilidade e consumo. Só através de uma transformação abrangente e integrada será possível reduzir significativamente as emissões e construir um futuro mais sustentável e resiliente.
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