A economia ocidental, dominada maioritariamente por mercados abertos e competitivos, desenvolve-se sobre um ambiente complexo e em constante mudança, o que dificulta a sobrevivência de pequenas e médias empresas (PME’s) que não estão atentas ou dispõem da capacidade para se adaptar a estas mudanças.
É necessário ter presente que o universo de PME’s no tecido empresarial português representa aproximadamente 99,90% de PME’s, segundo os últimos dados do INE referentes a 2017, Nas últimas décadas tem-se registado uma evolução tecnológica exponencial que permite que a informação chegue de forma forma fácil e rápida ao cliente final seja um B2B ou um B2C. A disponibilidade de informação em real time das características dos produtos, preço, disponibilidade são hoje fatores de ponderação para o cliente final e que, por sua vez, se traduzem numa clara vantagem competitiva para as empresas.
A abordagem competitiva aos mercados por parte das empresas foi durante muito tempo vista como fulcral para a definição da sua estratégia, pois estimula a eficiência e força o foco no cliente. Neste contexto, o objetivo final das empresas passa pela realização dos seus próprios interesses, como o lucro, ou mesmo liderança/aumento da quota de mercado, ganhando vantagem direta sobre os seus concorrentes.
Por outro lado, existe o contexto de cooperação, onde várias empresas podem cooperar por diversas razões, tais como, desenvolver competências, reduzir riscos ou mesmo pela necessidade de partilha dos recursos que têm à sua disposição.
Muitas empresas assumem este contexto como uma estratégia a adotar como via de ultrapassar obstáculos ao seu crescimento, quer a nível financeiro ou tecnológico, devido à sua pequena dimensão, na maioria dos casos. A cooperação tem como objetivo o alcance de metas compatíveis para os envolvidos, ou seja, o valor acrescentado que resulta dos contributos individuais gerados pelos participantes envolvidos. Esta cooperação é vantajosa quando as empresas envolvidas conseguem melhorar a sua performance ou quando conseguem diferenciar, através da ligação que partilham, os seus produtos e serviços.
Surge agora um terceiro conceito, a coopetição.
Aqui, a competição e cooperação fundem-se num novo paradigma de interdependência empresarial no que toca à estratégia a adotar para a criação de valor. Esta diz respeito a uma cooperação competitiva entre duas ou mais empresas, ora seja, elas competem e cooperam simultaneamente com o objetivo final de criarem valor para os seus clientes, pois com a articulação de competências e know-how conseguem explorar novas oportunidades de negócio, com redução de custos e riscos associados. Algo essencial para realizar este processo é a coordenação entre as partes envolvidas, pois as prioridades, comportamentos e motivações podem ser distintas. Algumas das empresas podem ser mais pró-ativas no que toca à coopetição, dependendo da sua experiência corporativa, cultura organizacional ou mesmo orientação estratégica.
Muitas empresas optam por esta via como estratégia, sendo uma das principais razões para tal a dificuldade no acesso a capitais para investimento e/ou inovação. Isto acontece bastante na realidade das PME’s, uma vez que têm menor acesso aos recursos tecnológicos, humanos ou financeiros, ao cooperarem com empresas do mesmo mercado/setor de atividade pode ser uma solução para ultrapassarem este problema. Assim, as PME’s podem recorrer a esta dinâmica para tentarem concorrer com as grandes empresas, ou para entrar em novos mercados. Desta forma, as empresas podem chegar a resultados que sozinhas não conseguiriam (ou pelo menos não de forma tão rápida), sem deixarem de competir entre si.
Assim, a coopetição é uma estratégia aplicável às PME’s, principalmente no contexto de clusters, onde a partilha de conhecimento, a aprendizagem com o outro participante e a incerteza que vem da evolução tecnológica são fatores determinantes que devem existir na parceria. Toda a informação que é gerada e partilhada neste contexto pelas empresas surge como apoio à reputação das próprias empresas e à aquisição de novos contactos, sendo importante saber avaliar se as ligações que estamos a realizar são realmente positivas e quais os benefícios que podemos vir adquirir com estas.